sexta-feira, agosto 29, 2003

Sem passar pelo centro

Olha, eu acho uma maravilha essas linhas de ônibus que não passam pelo centro! Menos trânsito, chega-se mais rápido ao destino. Uma dessas linhas é a 62, que faz Venda Nova - Savassi. Boa para se ir ao dentista (parece que todos eles têm consultórios na Av. Brasil). Bom, na terça-feira peguei a dita linha no meio da tarde, tudo meio parado, o motorista andando bem. Sentei naquela última cadeira, aquela que fica no fundo do veículo, em cima do motor. No ponto seguinte entrou um rapaz estilo skatista e um senhor - estilo Oswaldo Oliveira (cara, cabelo, óculos, até a calça colocada logo abaixo do suvaco, tudo igual, impressionante), que julguei ser seu pai. O carinha tava usando uma munhequeira branca - quando digo munhequeira, é munhequeira mesmo nada de pulseira, era felpuda e tudo mais. Fiquei então conjecturando, em silêncio, acerca das atividades desenvolvidas pelo indivíduo (jogador de tênis, musculação, fisioterapia...) ou se aquele acessório era apenas mais uma "moda".

Aqui abro parênteses para explicar o trajeto. O ônibus trafega pela Av. Francisco Sales. No início é uma subida, que termina no cruzamento com a Av. Assis Chateaubriand. A partir daí é uma bela descida até um viaduto sobre a Av. do Contorno sendo que, bem no meio, há uma espécie de patamar que faz com que a descida seja similar a um tobogã.

Enfim, o ônibus vinha como um foguete quando começou a descer pela Av. Francisco Sales de modo que, ao passar pelo tal patamar, praticamente levantei vôo do meu assento, sendo surpreendido no meio dos meus devaneios. Restou-me arregalar os olhos e esperar pela catástrofe. Felizmente, a providência divina interveio e acabei sendo poupado de um humilhante tombo ao ter sido capaz de, milagrosamente, segurar uma barra que estava à minha direita. Depois disso não deu para pensar em mais nada. Desci na Av. Afonso Pena e o Oswaldo e seu filho seguiram adiante.

segunda-feira, agosto 25, 2003

Apita

Hoje foi engraçado, fiquei de encontrar o pessoal na UFMG para dar uma "arrematada" final nos estudos para a prova da tarde. Sendo assim, coloquei o relógio para despertar às 6:50. Ele despertou e eu, automaticamente, o desliguei e voltei a dormir. Abri os olhos novamente e eram 9 e tal. Como estamos em "férias", o ônibus gratuito tem circulado muito pouco pelo campus de modo que resolvi tomar o 9502 lá na rua Pouso Alegre. Ônibus cheio e velho (a linha 9502 circula com uns ônibus tão velhos que é difícil acreditar que esses veículos tenham sido novos algum dia), engarrafamento monstro no viaduto da Floresta e, para completar, uns pivetes no fundo gritando com as pessoas pela janela. Primeiro o fizeram com os lixeiros, depois com a moça que controlava o trânsito tumultuado devido ao atropelamento de um motoqueiro:

- "Apita aí, porra! Trabalha direito!"
- "Apita!!"

Felizmente, acabaram descendo naquele ponto mesmo. A viagem no 9502 sempre tem um final complicado. O trecho do bairro São Francisco, pouco antes de entrar na UFMG, passa, aparentemente, por todos os galpões de transportadoras de Belo Horizonte e, não é raro, perde-se um bom tempo esperando uma carreta manobrar. Além disso, a pavimentação não é o forte das ruas daquele bairro: asfalto desnivelado e um número incrível de buracos fazem parte do panorama. Junte a isso motoristas que trafegam com o pé embaixo, a péssima suspensão dos veículos e duríssimos bancos de acrílico e o resultado serão alguns hematomas, cds pulando e o inevitável mau humor.

Na volta peguei um daqueles vermelhos (22-alguma-coisa) que circulam pela Av. Antônio Carlos. A intenção era descer na rodoviária e a única coisa digna de nota foi um coroa que desceu pela porta da frente no ponto do conjunto IAPI. Trajava calça verde, camisa cor-de-rosa estampada com peito aberto e várias correntes douradas no pescoço. Cabelo tingido de preto e penteado de maneira a esconder a calvície. Estilo Agnaldo Timóteo, se é que me entendem... Faltou o sapato branco. Como a velha guarda da família da minha mãe mora ali, fiquei pensando que poderia ser algum tio. Who knows?