domingo, outubro 12, 2003

Mr. Sorriso

Depois de um tremendo temporal saí de casa com destino ao ponto do ônibus. Fiquei de pé lá, uns poucos minutos, e logo vi aqueles números mágicos parados bem em frente ao semáforo. Dei sinal, entrei e sentei.

Foi na rua da Bahia que entrou um sujeito muito mal encarado e um frio correu minha espinha. Sabem quando rola um mau pressentimento? "Putz, vamos ser assaltados!", foi o pensamento que veio imediatamente à minha cabeça... Achei estranho porque, antes de se postar em frente à roleta, o rapaz mudou de feição e ficou todo sorrisos para a trocadora. Mudou de sentido e sentou-se num daqueles bancos vermelhos da frente. "Ufa..".

Três pontos adiante ele desceu, em frente à Igreja de Lourdes, não sem antes sorrir um pouco mais para a distinta agente de bordo, que, ao ver a porta fechar disse para o motorista:

- "Esse aí é um dos ladrões lá do Taquaril!"
- "É mesmo?", ele respondeu.
- "É. Quando eu trabalhava no 9803 ele entrou com mais dois caras e veio em direção a roleta. Quando ele viu que era eu ele mandou o pessoal parar a descer. Falou para eu ficar tranquila que comigo não acontecia nada. Era minha última viagem naquele dia..."
- "Hum.."
- "Por isso que eu gostava do 98, não tinha assalto quando eu trabalhava..."
- "Sabe o que ele veio fazer aqui, né?", disse o motorista.
- "O que?"
- "Roubar cd dos carros aí."
- "Ah, é!"

Infelizmente (Felizmente?), não pude acompanhar o restante da saga (se é que o assunto prosseguiu), pois logo tive que descer. Ainda deu um certo receio de passar pelo banco e fazer um saque, mas, ok. Ao que parece, a gente tem que se habituar. O mundo pertence a quem, afinal?