sábado, agosto 12, 2006

Tanto tempo sem publicar que até o layout do blogger mudou e estou tendo dificuldades em escrever qualquer coisa aqui. Parece que há até espaço para imagens, vejam vocês. São outros tempos: banda larga, hds gigantes e por aí vai. Some-se a isso o aquecimento global, a guerra no líbano e o fato de eu ter tirado carteira de motorista e a hipótese de estarmos perto do apocalipse deixa de ser desprezível.



A imagem acima é de um coletivo em Santiago do Chile, em dezembro do ano passado. A capital chilena conta com um eficiente sistema de metrô. Entretanto, os ônibus que circulam pela cidade são muito velhos. Esse aí era dos melhores. Alguns acontecimentos:

* Cheguei ao aeroporto, encontrei minha amiga e pegamos um ônibus até uma estação num subúrbio qualquer. De lá, pegamos outro ônibus para a casa dela. Chegamos a uma avenida muito movimentada e ela deu o sinal. O motorista, que estava parado no sinal, abriu as portas no meio da avenida e nós descemos com mala, mochila e tudo mais e atravessamos as pistas, correndo, com o sinal já aberto. Rio de Janeiro style.

* Não há cobrador. O próprio motorista recebe e te dá um tíquete que você deve manter ao longo da viagem.

* No ônibus, indo de Las Condes para Providencia, sobe um jovem pela porta da frente. O discurso é o mesmo. "Estou desempregado, tenho família, 5 filhos, deus abençoe a todos"... Devo confessar que foram os únicos 5 minutos em que entendi tudo o que um chileno falava, mesmo não entendendo quase nada de espanhol.

* Também há vendedores que sobem e descem o tempo todo dos ônibus: balas, guloseimas, santinhos e por aí vai.

* No ponto do ônibus, esperando o coletivo para ir ao estádio nacional, ver a final do campeonato. Estava com o Pablo, que não falava uma palavra em português ou inglês. Eu não falava espanhol. De qualquer maneira, deu pra entender quando ele disse que aquele grupo que vinha correndo em nossa direção, tentando alcançar o nosso ônibus, era de torcedores da Universidad do Chile, "la barra más fanatica de Chile" e, que se eles começassem a cantar, pra gente cantar junto, senão entraríamos na porrada. "Ótimo. Posso tentar dublar..", pensei. Mas, no fim deu tudo certo. Devia ser sacanagem do Pablo. De qualquer jeito, enquanto subíamos a avenida que dava acesso ao estádio, torcedores da referida equipe fizeram um mini arrastão e levaram as camisas de umas pessoas que estavam à nossa frente. O jovem Pablo ameaçou entrar em pânico, tentando me explicar que as coisas não eram bem assim. "no hay problema, ya estoy acostumbrado, amigo!".