quinta-feira, maio 15, 2003

Mensagem em papelinho

Há alguns anos passamos a entrar pela porta dianteira dos ônibus em Belo Horizonte. Isso acabou eliminando alguns problemas: a falta de lugares para os idosos e o conseqüente agrupamento destes na frente do veículo, bloqueando a saída; os calotes através das fugas de passageiros que se sentavam antes da roleta e, finalmente, a entrada, com o consentimento do motorista, de vendedores, pedintes ou qualquer outra pessoa que quisesse levar um papo com os passageiros. Ultimamente, os últimos adotaram uma nova tática, que é a de pagar a passagem e jogar sua conversa pelos corredores. Hoje aconteceu mais uma vez. Você está lá, sentado, lendo ou ouvindo uma música qualquer e surge alguém, de algum grupo de teatro, que tenta amenizar o sofrimento de todos os necessitados do mundo. Essa pessoa te dá um papelinho com alguma mensagem (mensagens cada vez piores, diga-se de passagem) e espera algum trocado em retorno.

Não estou aqui para discutir o mérito da questão, se isso é certo, errado ou até onde isso afeta a liberdade alheia, afinal todo mundo ali pagou a passagem. O que me deixa grilado é que após o sucesso da primeira empreitada do gênero (não me lembro quando nem, tampouco, qual grupo foi o pioneiro) uma série de espertinhos percebeu o filão e acabou formando um novo grupo de teatro ou qualquer outra coisa. E é nessa que palavras como "asilo", "creche", "crianças com leucemia", "pacientes terminais" e "esperança" acabam banalizadas, sem nenhuma força. A conseqüência direta é que acabam pagando os justos pelos pecadores. Eu não dou dinheiro para ninguém, uma vez que não consigo diferenciar quem é sério e quem não é, infelizmente.

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